domingo, 10 de maio de 2009

Galápagos - Fotos II

Assim que cheguei ao Brasil, a surpresa! William Bonner mandou essa chamada na abertura do JN: "Um vulcão ameaça um patrimônio da humanidade."
Em seguida, veio a notícia da que a erupção do vulcão Fernandina, situado na ilha de mesmo nome, ameaçava espécies de fauna e flora protegidas. Mais um chutão da Globo! Equivoca-se Bonner e toda sua trupe de jornalistas que insistem em trabalhar para manter os seus telespectadores na ignorância! 
Trocam-se os "pés pelas cabeças"! O arquipélado de Galápagos - é o que é, em toda sua complexiadade e beleza natural, tão somente pelos vulcões e suas erupções! 
ISLANDS BORN OF FIRE - é com o mundo reconhece o arquipélago. Os vulcões são fundamentais para a vida em Galápagos - a começar pela sua existência! A natureza em seu perfeito equilíbrio! O que parece chocar aos urbanos, é simplesmente mais um capítulo da grande novela da vida em Galápagos: leões marinhos feridos por queimaduras em razão da temperatura da água quando as lavas econtram o mar, petrels que se ferem ao tocar com os pés nas mesmas escaldantes águas e até pelicanos que morrem ao alimentar-se de "scalded fish".
Fernandina ainda está redefinindo seu futuro e de todas as espécies que "making a living on its restless shores!"
Assim com em Fernandina, o vulcão que deu origem a ilha de San Cristóbal chama-se "El Junco". San Cristóbal é a ilha mais antiga do arquipélago - entre 3 e 5 milhões de anos! Subimos ao topo de "El Junco"- de onde foi possível curtir o visual da ilha e tomar um ar fresco! O lugar que um dia cuspiu lavas e fogo, hoje abriga uma lagoa de água doce! Por lá, tivemos a oportunidade de acompanhar o vôo de uma fragata com seu peito vermelho todo inflado (manobra para encantar uma fêmea!) além de degustar deliciosas amoras endêmicas, e por isso únicas no mundo! 
"Cold seas and burning rocks" - no topo do "El junco", San Cristóbal"

Em outro dia com poucas ondas, visitamos Santa Cruz, a pouco mais de duas de barco (speed boat!) de San Cristóbal. 
Santa Cruz, além de abrigar a Estação Científica Charles Darwin, serve como ponto de partida para os picos de mergulho do arquipélago. Muito frenquentada por gringos, que dali partem para os cruzeiros, Santa Cruz apresenta um boa infraestrutura, com excelentes restaurantes, pousadas muito confortáveis e até lojas "high level"! Lugar muito bacana!
Por lá também, depois de uma caminhada de 40 minutos, chega-se a "Tortuga Bay". Uma praia com visual paradisíaco, de filme! Por lá o acesso é muito bem controlado, pois essa praia é ponto de desova das tartarugas. A areia branca, muito fina em contraposto com o azul turquesa do mar fazem de "Tortuga Bay" o lugar que todo mundo que goste de praia sonha um dia morar! A praia parece funcionar também como pico de surf, segundo alguns locais. E nós acreditamos que sim! Ao menos no canto esquerdo da praia (para quem chega), mesmo sem nenhuma ondulação significativa, conseguimos ver longas, porém minúsculas esquerdas!
"Tortuga Bay / Ilha de Santa Cruz - visual paradisíaco"

Mas foi na Estação Científica Charles Darwin que percebemos o quanto o homem é sem-noção!
Elogiável o empenho dos biólogos que por lá trabalham, não apenas em seus esforços de preservar o arquipélago, mas também na árdua e lenta tarefa da educação ambiental!  Visitando locais como Galápagos, e conhecendo a história e os desafios do arquipélago, é que se tem melhor percepção da falta de sensibilidade do homem com a sua "própria casa"- o Planeta Terra. 
O Solitário George, famoso quelônio que habita a Estação, é exemplo disso! Estivemos muito próximos de George, que caminhava pelas sombras dos arbustos e cactus em seu espaço procurando abrigo do Sol. 
George, o último sobrevivente de sua espécie (daí o nome Lonesome George) é o triste exemplo da ignorância humana. Primeiramente, foram os navios baleeiros que por volta de 1800 lá passavam para juntar mantimentos (milhares de tartarugas). Em seguida, a caça desenfreada das tartarugas que também serviam como fonte de oléo a fim de "viabilizar" a vida na ilha dos primeiros habitantes. Por fim, por volta de 1950, espécies não endêmicas, como bodes, foram introduzidos nas ilhas - modificando o enviroment da ilha para sempre. Além de exterminar com a comida das tartarugas, os bodes destruíam os "sites" dos ninhos. O resultado final de todo esse descontrole, foi o extermínio da população das tartarugas da Ilha Pinta. 
George, parece nos encarar com simplicidade, com um olhar de "porque?!" - um olhar que fere, machuca o coração daqueles que possuem o mínimo de consciência ambiental. O mínimo que pude fazer, e acho que todos um dia deveriam fazer, é ir até lá, e pedir desculpas a George. 
Atualmente, não se medem esforços em salvar a espécie. George está há mais de 20 anos vivendo com duas fêmeas de outras espécies, porém não quer saber delas. Os biólogos tentam, de todas as formas reparar um erro que o homem causou, mas George, em nome da mãe natureza parece ter mais uma missão: lembrar ao homem de suas limitações perante a grandeza da natureza. 
"Estação Científica Charles Darwin"- Isla Santa Cruz - Galápagos

De volta a San Cristóbal, de volta ao surf. Tongo-reef é onda abaixo. Nesse dia da foto - nosso primeiro dia no pico, o mar estava pequeno. Cristiano e Zé Eduardo entraram mas tiveram muita dificuldade em fazer um surf pela maré estar muito baixa. Com esse cenário, as ondas quebram muito em cima das pedras, com bolhas surgindo a todo instante.
Tongo-reef está dentro de uma base da marinha. O acesso só é permitido das 06:00a.m. até as 05:00 p.m.  e depois de apresentar a carteirinha da Associação de Surf local - retirada ao custo de US$ 8,00 mais a benção do presidente da Associção, o tal Polo. Gente boa, dono Polo Bar - pico da night na ilha! A caminhada é longa, de 20/30 minutos a depender dos passos! Na metade do caminho, uma esquerda na bancada de pedra que quebra em frente a um canhão da base - daí o nome "El cañon". No período que estivemos lá, Cañon não funcionou. Mas certamente, com o swell certo - a onda quebra animal!
Na manhã que o swell deu o ar de sua graça na ilha - e que eu tomei um chega pra lá do pacífico em Loberia - Katemba e Zé Eduardo fizeram a mala em Tongo-reef com a maré cheia. Encontrei com eles a tarde em Tongo - e presenciei uma esquerda muito longa, que quebrava desde lá longe, possibilitando muita manobra e diversão até acabar em uma pequena baía. Até então, eu relutava em entrar naquele mar, por ser backside para esquerda e por entender que a onda quebrava muito perto das pedras. Mas naquela tarde, a ondulação girou um pouco mais, e com a maré cheia, as esquerdas perfeitas de Tongo-reef, com seus 4/5 ft nõa deixavam ninguém fora da água! Surfei as esquerdas mais longas da minha vida!!! Muito massa!! Foi a melhor session de surf da trip!
"Tongo-reef : longa esquerda (vigiada pelo Pelicano!) que deixou a sua marca!"

Outro pico, que assim como El Cañon não vimos funcionar foi "Carola". Uma direita tubular, muito rápida e forte pelo que se percebe nas fotos e que se aviva no período dos grandes swells de norte (inverno hawaiano!). Os swells que quebram tudo no Hawaii, fazendo as malas dos pros, depois vai dar lá em Galápagos. A onda, que segundo os locais é bastante rara, corre sobre a bancada de pedras atrás do farol (Punta Carola). 
Pelo lado de dentro da bancada, tem uma pequena baía que abriga uma prainha de areia muito aconchegante. Por lá, fizemos alguns mergulhos de snorkell, onde me diverti com as taratarugas e com os cardumes de peixes coloridos! Na ausência das ondas, Punta Carola compensa os visitantes com um pôr-do-sol de primeira - só para manter a tradição da ilha! 
"Por-do-sol em Punta Carola / San Cristóbal / Galápagos"

Uma das experiências mais marcantes de toda a minha vida foi o tal mergulho com "tiburones em Leon Dormido"!
Inacreditável e até então impensável! Porém quando a oportunidade surgiu, lá foram os malucos para água!
Na real, desde o dia em que pisamos na ilha, o que mais ouvíamos falar era nos tais "tiburones"! Por muitas vezes, a "cabreragem" tomava conta! A todo instante, éramos alertados pelos locais da ilha para evitar o surf nas primeiras e últimas horas do dia, por ser justamente o horário de alimentação dos tubarões. Resumindo, o alerta consistia em entrar no mar por volta das 07:00 a.m. e sair por volta das 05:00 p.m. - por ser o horário de alimentação dos sharks! A riqueza da vida marinha no arquipélago é evidente e por consequencia, a presença dos tubarões por lá são óbvias. Por isso mesmo, obedecíamos rigorosamente aos horários. Era incrível - mas batia as 05:00 p.m, começava aquela debandada da água! Loberia tem histórico recente de um ataque. Um australiano foi atacado quando surfava no por-do-sol. Cristiano costumava comentar, que enquanto estávamos em 5 na água, as chances eram de 20% de ataque! Até que um saindo, e mais outro, as chances iam aumentando! A regra geral por lá era um cuidando do outro para não deixar que a estatística batesse os 100%! Brincadeiras a parte, quando um ou outro ficava no outside, era só perna pra fora da água! Lembro de um comentário do Flavio, assumindo que a "cabreragem foi forte" ao sair por último do mar, quase perto das 06:00 pm. Naquele dia, abandou a remada pela baía e se mandou para as pedras (sempre um empenho pelos escorregões e cortes!). 
Assim levávamos os dias, até que surgiu a oportunidade do batismo de mergulho. Diogo e Flávio - mergulhadores safos, estavam planejando fazer um mergulho de cilindro atrás de imagens para documentar a viagem que estão fazendo (visite aqui o site dos caras!).
A ilha de Santa Cruz é o ponto de partida dos cruzeiros para outras ilhas e dos barcos para os picos de mergulho do arquipélago. Um desses picos, é justamente a famosa pedra de "Leon Dormido". Essa pequena ilhota, foi formado pelo processo de sublimação dos gases expelidos pelo vulcão El Junco. Leon Dormido situa-se na costa oeste da ilha de San Cristóbal - pouco mais de 30 minutos de barco a partir do porto de San Cristóbal. O visual da pedra é alucinante! Diversos atobás, "patas azules", fragatas fazem seus ninhos nos imensos costões da ilhota. Em um dos extremos da pedra, existe um canal com aproximadamente 20 metros de profundidade - onde é possível praticar tanto o mergulho de cilindro quanto o de snorkell. A vida marinha é riquíssima!
Enquanto Flávio e Diogo partiram para o mergulho de cilindro, o resto da "raça" acabou servindo de "isca de tubarão" e encarou a travessia do canal com o snorkell!
Bastou algumas pernadas até o canal para a adrenalina tomar conta! Tubarões dividiam o pico juntamente com as enormes "tortugas", raias e muitos outros cardumes de peixes.
O primeiro avistamento foi muito louco! Ver o bichano a poucos metros abaixo, livre... "passeando" pelo canal é inesquecível! No início, todos gritam alucinadamente - resultado da descarga de adrenalina! Depois, fomos orientados a ficar em silêncio, para não chamar a atenção dos "tiburones"! Que beleza, hã?! Minha razão tinha ido para o além! 
Mais alguns metros canal adentro, mais "tiburones" - alguns solitários, outros em grupos.
Consegui identificar dois tipos - o galha-branca e o tubarão de Galápagos. Infelizmente, nenhum de nós avistou o mais bacana de todos - o Tubarão Martelo!
Por mais que o instinto de sobrevivência nos fizesse tentar manter-se próximos um dos outros, a forte correnteza do canal acabava por nos separando. No início, procurei manter-me próximo aos paredões da pedra, pois além de curitir o visual por ali, achava que estaria mais "seguro". Doce ilusão! A sensação de estar "deslocado" aumentava a cada avistamento! Mas acabei relaxando apenas depois de um grande susto - quando cruzei o caminho de um grupo de 5 tubarões galha-branca!
Apesar de nado lento e vagaroso, o galha-branca é muito ativo quando da procura de alimento e capaz de violenta aceleração quando excitado. Normalmente solitário, sendo visto em grupos somente quando há abundância na oferta alimentar que é composta por peixes oceânicos e raias e, raramente, aves, crustáceos, lulas e tartarugas! Como toda espécie oceânica é um animal oportunista e precisa aproveitar as poucas ocasiões em que lhe aparecem potenciais presas - no caso, nós: um "cardume" de óculos, snorkell e com patas gigantes boiando na superfície!!!
Pois nesse instante, como que "querendo dar uma conferida", após passarem logo abaixo, um dos bichanos faz meia-volta e começa a nadar em minha direção! O medo foi gigante! Acho que nunca havia experimentado uma descarga tão grande de adrenalina! Depois do "balãozinho" escrito "FUDEEEU!" estourar sobre minha cabeça - revirei meu corpo, ficando de frente para o maluco, com os joelhos flexionados e tentando manter as enormes nadadeiras à frente, como um escudo! Muito medo! O coração disparava em máximo "rpm" - com o ponteiro colado no arco vermelho! O bichano, pouco menor que eu, passou novamente por baixo e foi sumindo no "horizonte"! 
Na real (ou não!) - ele não estava nem aí!! Well....ao menos foi esse meu entendimento, ou parte de minha estratégia emocional para me garantir lúcido depois do enorme cagaço! O bichano seguiu seu caminho......pois a minha presença, apesar de toda a "nóia", era irrelevante! As regras que regem o mundo do pacífico estão muito aquém de nossa compreensão!
Ao voltar para o barco - estávamos todos ALUCINADOS! Assim como eu, o Zé e o Katemba estávamos mais doidos ainda, pois havia sido nosso primeiro contato com tubarões "no pelo" de nossas vidas! Pelo menos "tubarões" visíveis! Pois diante de tanta riqueza marinha, ficou evidente que, assim como os lobos, as tartarugas, as raias e os cardumes de peixes que conseguíamos avistar durante as sessions de surf - os tubarões realmente estavam por lá! Mas, assim como no canal de "Leon Dormido" - eles não estão "nem aí" para a nossa presença! Talvez até eles sentirem fome....
"Leon Dormido" - a fenda na pedra e o canal

A foto abaixo, de autoria do Diogo (Destino Azul), foi tirada no dia mergulho em Leon Dormido. Um tubarão de galápagos passeando pelo canal de Leon Dormido!


"Tiburon de Galápagos"- Leon Dormido (autoria de Diogo G.)

Depois do mergulho em Leon Dormido, fomos até Isla Lobos, para fazermos o batismo do mergulho com cilindro! Outro pico com visual alucinante, e como o próprio nome sugere - dominada pelos lobos marinhos! Nesse mergulho, avistamos as iguanas submersas, alimentando-se nas rochas, muitas "tortugas" e uma raia, com razoável envergadura entocada nas pedras! 
Foi Daniel que avistou a raia, e chegamos muito próximo à toca dela, por cima! O ferrão é realmente assustador, uma eficiente e mortal arma de defesa!
"Isla Lobos - Galápagos - "Raça do mergulho"- pela esquerda: Diogo, Daniel, Katemba, Flavio, Zé Eduardo, Rafa e o filhote de lobo marinho"

As quatro últimas fotos, falam por si mesmas! Pequenos registros da riqueza natural em Galápagos!

"Lobo versus garça"- Praia de La Loberia - Galápagos (Verônica L)

"Blue-foot Booby" - Isla Lobos - Galápagos

"Pelicanos" - Tongo-reef, Isla San Cristóbal - Galápagos

"Costa oeste da ilha de San Cristóbal"- Pedra de Leon Dormido ao fundo - Galápagos 

domingo, 3 de maio de 2009

Galápagos - Fotos I

Iguanas e lobos marinhos dominam os picos em San Cristobal! 
Nas trilhas de acesso as praias, encontramos diversas iguanas, único largato do mundo com hábitos marinhos. Animal fantástico - um dos símbolos das Ilhas e que causaram um grande "tilt" na cabeça de Darwin - e também na minha! Esses animais alimentam-se de algas, e conservam a incrível habilidade de entrar no mar, muitas vezes tomando uns caldos abrsurdos, e por lá ficarem por até uma hora, submersos, alimentando-se. 
Tive a oportunidade e acompanhar uma dessas iguanas quando mergulhando em Isla Lobos. A cena realmente impressiona! Cheguei muito próximo - mas muito próximo mesmo (questão de centímetros) de uma iguana submersa. Fiquei observando-a durante uns 2/3 minutos, até que ela resolveu voltar para a superfície e de lá para terra firme. Utilizam-se de sua enorme cauda como meio de propulsão e suas patas para apoiar-se nas pedras. 
As iguanas marinhas são muito sensíveis às correntes marinhas que atingem o Arquipélago de Galápagos - pois são essas correntes (Equatoriana, Quente do Panamá e Fria de Humbolt) que acabam por trazem "vida" ao arquipélago em forma de plâncton e algas. O comportamento dessas fantásticas iguanas levou Darwin a concluir que o Arquipélago de Galápagos evoluíra de uma forma independente - pois fora povoado por espécies que não viajaram na "Arca de Noé", pois muito antes disso, chegaram ao arquipélago por mar, sob troncos de árvores, tosseiras, e por lá encalharam! 
Depois disso, a Naureza, através da evolução das espécies, propiciou a adaptação das mesmas em função das condições encontradas em cada uma das diferentes ilhas do arquipélago. Fantástico!
Na primeira foto do post, uma simpática iguana marinha, sorrindo e dando as boas vindas aos visitantes! 

"Iguana Marinha ( Amblyrhynchus cristatus) -  Welcome, haole!"

Quando caminhando sobre as pedras, é preciso bastante atenção para não tropeçar em uma iguana! As manchas brancas existentes nas costas da mesma, em contrapartida com o fundo negro da sua pele, funcionam com uma espécie de camuflagem - por assim ficarem parecidas com o limo que acaba revestindo as pequenas pedras vulcânicas que cercam a ilha. Volta e meia - nas caminhadas, observávamos as "pedras" se moverem! 
Na próxima foto, outra iguana recém saída do mar, em busca de sol para aquecer o corpo - e claro, obervando as ondas!
"Iguana Marinha - Depois do mergulho, um bronze nas pedras da trilha de La Loberia"

"La Loberia" é o pico mais constante de surf de San Cristóbal. Esquerdas e direitas quebram o dia todo em um raso fundo de pedra. A esquerda funciona apenas com a maré alta, do contrário....é pedra na certa. A direita, muito mais constante, tem um drop desafiador quando na maré baixa. Enormes bolhas se formam no pico, turbulência gerada pelas cabeças das pedras muito próximas a superfície, dificultando (no meu caso, impossibilitando!) o drop.
Foi em Loberia que pegamos o maior mar - com séries de 8 ft! Aliás, justamente essas séries que vinha lá de trás, varrendo o mundo, que me fizeram adiar a queda naquela manhã! Fiquei de boa, nas pedras só observando os malucos: Flávio, Diogo e Daniel revezavam-se no outside e mostravam uma mega disposição em continuar na água mesmo depois de tomarem algumas séries na cabeça! Logo depois, foi a vez de Cristiano ir para o mar: estava na pilha pois era seu último dia na ilha! Bastou uma onda, um drop para despencar lá de cima....e partir a prancha em dois pedaços! Uma talhada de leve nas costas não impediu o maluco de continuar mais um bom tempo na água - mostrando também muita disposição para o surf!
O tempo foi passando, e depois de a maré encher - achei que a coisa estava mais "easy"! As séries já não entravam com muita força, as ondas estavam menos cabulosas. Doce ilusão!
Entrei tenso no mar, mas ao mesmo tempo amarradão em encarar um mar que para mim - de longe era o mais casca-grossa enfrentado até então. Não só pelo tamanho, mas pelas circustâncias: fundo de pedra muuito raso, e ondas com muito power!
Pra água então eu fui!!! Após uma rápida, mas não menos tensa remada, cheguei à bolha que usávamos para marcar o pico. Por lá estavam Flávio, Cristiano (com a prancha emprestada do Daniel) e Diogo que voltava para o pico. Cheguei no pico praticamente junto com Diogo, que voltava de uma onda emendando:
- E aí? Resolveu encarar??
-Opa! Tem que ser! Acho que está mais tranquilo agora! - respondi.
-Está mesmo! Parou de vir aquelas séries grandes.....
Foi o tempo de Diogo terminar de falar para surgir no horizonte, aquela montanha de água! Ao mesmo tempo que eu xingava o mundo, fui montando na prancha e remando pra esquerda como um condenado! A primeira eu passei de boa. A segunda nem tanto! Melhor dizendo - não passei!
A onda fechou lá atrás, e o espumeiro veio com força! Ainda deu tempo de encher o pulmão antes de rodar! Muita turbulência e muito medo de rachar a cabeça nas pedras. Na primeira "ripada" fui jogado lá pra baixo e tive muita sorte de cravar o pé direito em uma ponta de pedra. O caldo foi pesadíssimo! O alívio ao sair para fora da água, logo foi dizimado pelo próximo espumeiro que se apresentava a poucos metros.Cena desoladora! Uma rápida espiada para trás, a fim de ver o quão próximo eu estava das pedras expostas, mais uma tomada de ar e......rodo! 
Dessa vez, tive a impressão que não rodei muito...mas mesmo assim demorei a sair. Mais um rolo de espuma por vir, mas dessa vez eu já havia sido varrido para o inside da baía e com isso, pela turbulência ser bem menor, consegui passar de boa! 
Daí em diante, o desafio passou do campo físico para o psicológico! Voltar pra bolha e descer pelo menos uma onda - esse era o meu "mantra" enquanto remava de volta ao pico. E foi o que acabou acontecendo! Olhos abertos para não tomar mais nenhuma varrida e remar na onda certa! A onda acabou sendo boa - mas a rebeada no Flavio foi sinistra! Acabei dropando sem antes perceber que o Flavio estava na minha esquerda, e quando percebi, já era tarde! Adiantei o máximo que pude na onda - tentando consertar o "mico" e ao mesmo tempo garantir a onda até o finalzinho, do ladinho das pedras para então sair fora! 
Apesar do mico, da varrida, dos pequenos cortes no pé e do surf-tensão, o dia valeu pela experiência e pela indescritível sensação de perceber-se no limite!!

"Cortando a proa" - tentando adiantar e "consertar" a onda do Flavio (foto Veronica L.)

Nos outros dias, o surf sempre esteve "sob controle"! Além das ondas, o visual de Loberia era sempre um atrativo a mais! Com o sol pegando na vertical - torrando mesmo, um mergulho nessas piscinas naturais eram "de lei" para poder aliviar o calor!
"La Loberia"- visual do canto esquerdo.

Os lobos marinhos, como o nome da praia sugere, estão por todos os lados! Alguns deles, passam o dia todo largados na areia, como se etivessem em uma enorme ressaca! Os filhotes, sempre muito curiosos e brincalhões, estão sempre muito próximos! Recomenda-se ter bastante cuidado a fim de evitar de tocá-los. Conforme orientação dos biólogos da ilha, esses filhotes podem vir a ser rejeitados pelo grupo mais tarde.
Entre os lobos adultos, tinham aqueles mais "encrenqueiros", que sempre saíam em perseguição aos que ameaçavm seu espaço. A gritaria era alta, e por ser muito desajeitado fora da água, boas risadas eram garantidas! Outros mais "relax"- passavam horas e horas boiando na baía, erguendo suas nadadeiras para fora da água. Nos primeiros dias, a uma certa distância, o movimento era facilmente confundido com a exposição da barbatana dorsal de um tubarão! Até acostumar com esse movimento, ainda mais quando se estava no outside, foi meio sinistro! Apesar dos lobos ficarem praticamente estáticos nessa posição (oposto dos tubarões que estariam mais velozes), era o suficiente para surgir a famosa "pulga atrás da orelha"!! Se prestar atenção na foto abaixo, é possível perceber um lobo "relaxando" próximo as pedras de acesso a baía.....like a fucking shark!! Mas como insistiam os locais: "no passa nada!"

"La Loberia # Arquipélago de Galápagos"

Mas o bacana mesmo, eram os lobos que curtiam o surf! Todas as vezes, ao entrar ao mar pela baía, lá vinha um filhote fazer companhia e querer brincar! A sensação de remar, acompanhado pelo bichano fazendo altas cambalhotas a sua volta é única! Isso quando não encostavam e tiravam a cabeça para fora, parecendo querer dizer: - E aí cara! Tudo certo!? Vamos juntos para o surf!!??

"Lobo marinho  fazendo companhia na remada até o pico"

Uma vez no pico - não tinha para eles! A esquerda então, era dominada pelos bichanos! Sem essa de maré alta ou baixa! Por mais que a onda terminasse nas pedras, eles botavam pra baixo!
Altas ondas e barriga cheia! Pois esse "surf", além de divertir, garante um bom almoço aos lobos! Os cardumes de tunas se tornam presas fáceis para os lobos quando muito próximas a arrebentação. Ser tuna em Galápagos não é lá uma vida muito fácil! Pois além do ataque pela água, ainda tem o ataque aéreo dos "Patas Azules"!

"Lobos pegando aaaaltas ondas em Loberia!"

Por mais contraditório que possa parecer, foi fora da água que as pedras de Galápagos acabaram por deixar as maiores lembranças! 
Tudo ia muito bem até que a cordinha da prancha acabou soltando! Como já estava muito próximo das pedras, onde a esquerda fica crítica e com a maré baixa, não tive outra opção que não fosse sair nadando pelo extremo direito da baía, subir pelas pedras e então contornar toda a praia para resgatar a prancha. Nesse dia, senti na pela a força da maré vazante! Ensaiei algumas braçadas para sair pelo meio da baía, a fim de evitar escalar os pedregulhos, mas sem sucesso. A baía de Loberia é pequena, e para ficar longe da zona de impacto das ondas, nadei para próximos das pedras que dão forma a baía. Porém, é justamente por ali que a correnteza vazante aperta e, por mais braçadas que eu insistia em dar, não saía do lugar. 
Depois de sair do mar encarndo os pedregulhos, o desafio foi caminhar sobre as escorredias pedras em busca da prancha! Precisei da colaboração do Cristiano, que chegou próximo e foi me orientando em direção a prancha! Veronica, esposa do Cristiano, acabou registrando o momento da "busca"!

"La Loberia - resgate da prancha encalhada nas pedras"

"La Loberia - água cristalina, céu azul e ondas de qualidade"

"Por do Sol - Arquipélago de Galápagos"

"Baía de La Loberia - Final de tarde e a maré lá em baixo"

"La Loberia - momento curtição depois do surf com lobo marinho"

Ainda tem muito mais a contar! Vou postar algumas fotos de Tongo-reef - uma esquerda interminável, e ainda relatar um pouco da maior aventura da viagem: o batismo de mergulho e a travessia do canal de Leon Dormido em companhia dos "tiburones"!!

sábado, 2 de maio de 2009

Galápagos - I

Bem que tentei - mas não consegui! Nos últimos dias, foram diversas as tentativas de atualizar o Blog. Novamente elas,"as forças ocultas", impediram-me de fazê-lo! Mas como diriam os entusiastas de Rubens Barrichelo: agoooora vai!
Força de expressão à parte - espero que as comparações com o intrépido e azarado (?!?!) corredor de F1 encerrem-se por aqui! Aliás - um pequeno, e curto parágrafo: O que não está sendo o campeonato de F1 de 2009?! E a Ferrari, hã?! Acredito que a italianada está fazendo valer os ingressos para o "Circo da F1"!! Whatever....
Voltemos à Galápagos! Voltemos às lembranças dos dias de gala no paraíso!
A chegada a ilha de San Cristóbal já foi um aperitivo do que nos esperava! O visual é alucinante! Ainda no avião, estávamos sedentos a procura das bancadas na ilha....mas as primeiras impressões foram um pouco desoladoras. Não havia ondulação banhando a ilha e desembarcamos pouco confiante no potencial de surf da ilha naquele período. Tudo ilusão! 
Esquecemos que estávamos cercados pelo Pacífico - e nunca desprezem as forças do Pacífico! Mesmo sem ondulações significativas ( grandes swells ) - a constancia da Ilha é uma marca. Surf rola todos os dias, mas deve-se ficar atento às variações da maré. As bancadas de pedra são muito rasas, e pequenas escoriações ( em vc e na prancha!) são inevitáveis! 
A ilha supreende mais ainda pela exuberante vida selvagem! Todos os dias, nas caminhadas rumo aos picos de surf rendiam muitas fotos! Iguanas e lobos marinhos estavam por todos os cantos - e sempre muito próximos.  A todo instante, a Ilha parecia nos fazer questão de lembrar de que, por lá - nós éramos os estranhos! Sim! O ser humano - com toda a sua "prepotência" de ser racional e dominador, por lá se aquieta, diminui, reduz-se ao nada ao perceber está muito errado em se achar "dono" desse Planeta.
A vida marinha - com sua riqueza inacessível ao nossos olhos: a suvidade do nado das tartarugas, o balé dos cardumes de peixes coloridos, as enormes e discretas arraias, e obviamente os exímios caçadores: tubarões.
Pelo ar , enormes pelicanos encantam por suas habilidades ímpares em voar com um bico "daqueles", as fragatas desfilando razantes sobre as ondas e os surpreendentes e belíssimos blue-foot boobies - com seus mergulhos impressionantes!
Por muito mais que isso, essa sensação de "não pertencer"  a um lugar que vc imaginou um dia "pertencer", a percepção de o que o Planeta Terra não é propriamente a "sua moradia", pode causar estranheza no início. Talvez até certo um desconforto, mas que reduz-se a nada com o passar dos dias - na medida em que vivenciamos e reconhecemos os limites que a Natureza impõem ao homem - em mais uma excelente lição de vida.
Selecionei algumas fotos, que fazem valer o ditado "imagens valem mais que 1000 palavras". 
Espero que vocês curtam as fotos! Mais que isso! Espero que um dia, todos se dêem a oportunidade de visitar e contemplar um lugar como Galápagos!