sexta-feira, 26 de novembro de 2010

ecce homo

e ontem enterrei mais uma tartaruga.
foi a segunda do ano, praticamente na frente de casa. o que é muito mesmo, para uma pequena faixa de areia. dias atrás, conversando com o pessoal que faz o monitoramento, descobri que o número de carcaças trazidas até a linha de praia aumenta a cada ano.
eu tinha acabado de sair do mar, quando avistei a pequena carcaça na linha de maré alta, quase na restinga. pelo pouco que conheço, arrisco dizer que era uma juvenil da tartaruga verde (Chelonia mydas). cavei um buraco ali próximo mesmo....
provavelmente, mais uma pequena vítima da ganância humana, provavelmente ferida em espinhal ou mesmo descartada depois de cair acidentalmente em alguma rede dos pesqueiros. ou quem sabe, contaminada por resíduos plásticos que a pequena confunde como alimento. maldito ser humano! como pode ser tão espaçoso, tão folgado!
enquanto caminhava de volta pra casa, senti que toda aquela vibe positiva de uma manhã solitária de surf havia ido pro além; tamanha era minha indignação! estou mesmo de cara com o nível de destruição do planeta. a cada dia, a cada simples evento como esse me fazem acreditar que o ser humano é mesmo uma praga nesse planeta. certamente, terá vida muito curta por aqui. pois assim como contribuiu para a extinção de diversas espécies, sem perceber, contribui para a extinção dele mesmo; assim como um tumor incontrolável que absorve toda a energia vital de sua vítima até que o final de um, seja o final do outro.
chegará o dia que as condições do planeta estarão tão degradadas, em condições tão extremas para a manutenção de nossa vida, que a Terra deixará de ser o "nosso lar".
e o pior de tudo é que a grande maioria, a imensa maioria, não está nem aí pra isso! todos seguem o caminho do individualismo, do consumo extremo e do agora - zero compromisso com o amanhã, zero discernimento! pobre homem!
em breve, com o verão se aproximando, a horda de toscos tomará conta de nossas praias e mais uma vez, deixarão toneladas de lixo como "registro" de sua passagem. um povo mesmo - na essência mais pobre do verbete - que parece estar aqui para destruir, que parece sentir-se superior, proprietário e liberto para fazer e acontecer em um dia de praia. puta gente porca e mau educada. as vezes tenho vontade de juntar cada latinha, cada papel de sorvete, cada sacola plástica que essas pessoas deixam na praia e jogar tudo de volta no jardim de suas casas. se bem que esse povo é tão limitado - que certamente não vivem em casas - e sim em aglomerados, muito provavelmente sem jardim. enfim....melhor seria mesmo juntar todo esse lixo e enfiar no toba de cada um desses xucronáceos!
em finais de semana do verão, é desanimador caminhar na praia ao final do dia! as manhãs de segunda-feira então....é vergonhoso.
eu fico mesmo de cara, muito puto mesmo, em pensar que talvez meus netos não terão oportunidade de viver a natureza em seu estado real e puro. é muito triste imaginar que as futuras gerações não terão oportunidade de estar próximo a um boto-cinza nas peças, ou mesmo mergulhar com as tartarugas na ilhota do farol em matos.
enfim...melhor parar por aqui, antes que continue a ruminar tamanho rancor pela realidade! tenho mesmo é que pegar logo a mochila, e rumar pra algum atol perdido no pacífico, ficar jogado por lá! a eterna busca pela pílula vermelha! definitivamente, não pertenço a essa realidade!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

porquê?

acredito que a pequena deveria ter não mais que 7 anos de idade. talvez uns 6 anos!
viajava com os pais e a pequena irmã, ainda bebê, e ocupávamos a mesma fila de assentos - porém separados pelo corredor.
ela não parava da falar um instante! de forma amena, talvez na tentativa de conter a ansiedade da menina, a mãe procurava distraí-la com a leitura da revista de bordo.
mesmo assim, ela não parava de falar um instante.
vez ou outra, a mãe cochichava algo no ouvido dela - talvez dando "instruções" - e por uns segundos, a pequena se esquivava....acomodando-se hora ao assento, hora a janela.
até que lá pelas tantas, depois de mais um cochicho seguido por mais um instante de silêncio, a pequena líder mandou essa:
- mãe....porque o avião tem que ser pesado para voar?

sensacional! um brinde aos "porquês" de nossas vidas!!! alguém aí arrisca uma resposta?!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

middle east

nunca diga nunca!
pois então... e os ventos acabaram por me levar para longe desta vez!
em uma manhã ensolarada, deixamos o país do futuro para trás, assim como o azul do atlântico. rachamos o continente africano ao meio – Nigéria, Camarões, Chad e Sudão! depois foi a vez de vencer o mar vermelho e toda sua rica vida marinha, então os primeiros grãos de areia e a Arábia Saudita ficaram para trás quando finalmente, encontramos as águas do golfo pérsico sobre o Bahrein já muito próximos de nosso destino final!
ainda era madrugada por lá, quase amanhecendo, quando pisei pela primeira vez em um canto do planeta que jamais imaginei visitar. Abu Dhabi foi meu portão de entrada para o “middle east”!
emirados árabes unidos – até pouco tempo atrás, não significava muito mais para mim do que areia, camelos, e um bando de cabeças de pano que ficam babando sobre um malandrão, o tal do sheik – que faz o tipo “dono do circo”!
o tempo por lá era curto, pouco mais de 36 horas, e o desafio era fazer valer a oportunidade!
as primeiras impressões estavam de acordo com as expectativas: muito calor e muita areia! se em lugares como cuiabá, manaus, nias eu quase entrei em liquefação, aquela terra mostrou que tem potencial para que eu vaporize! no "verãozinho" deles, temperaturas acima de 50 grauzitos é normal!
a caminho do hotel em Abu Dhabi , as enormes mesquitas impressionam e um cenário de contrastes vai então se revelando, sobre as sombras dos guindastes que parecem semear skyscrapers por todos os lados.
a aridez do solo também impressiona: muito cascalho e muito sol, faz duvidar que algum tipo de vida, a não ser mesmo os cabeças de pano, sejam capazes de resistir a tanta radicalidade da natureza! mas na real, não é bem assim! além dos camelos, o deserto tem uma vida própria, um ecossistema admirável!
porém, o que faz daquele lugar tão inóspito um paraíso para muitos, é exatamente o que está abaixo de toda aquela paisagem árida e desoladora do deserto: the magic oil!
rodando por Abu Dhabi, é fácil entender o poder da indústria do petróleo. só mesmo muito dinheiro para transforma pedra em grama ou areia em água! é exatamente isso que os caras estão fazendo por lá!
aproveitei a oportunidade, e depois de um rápido sono de 2 horas, rumei para Dubai – a cidade dos olhos do momento. muito se ouve falar sobre Dubai, então fui dar uma conferida.
acertei com um tiozinho local, ao custo de 60 doletas (duzentos e vinte “dinheiros” deles – incluindo o cafezinho) um tour pela cidade que fica aproximadamente 100 km de Abu Dhabi. estrada lisa sem um buraquinho sequer, e muito menos uma praça de pedágio. logo na saída, passamos pelo acesso do “ Yas Marina Circuit”, que vai receber o GP de F1 que encerra a temporada de 2010. dali é possível ver toda a estrutura do parque temático da Ferrari, e a
montanha russa mais veloz do mundo : 240 km/h! pra meu azar, faltavam 5 dias para inauguração, justamente no final de semana do GP! Enfim...não se pode ganhar todas! Mas posso dizer, que olhando de fora “o baguio é nervoso, mano!!”
chegamos a Dubai em pouco mais de uma hora de viagem. no caminho, enquanto curtia a paisagem de sempre – areia, areia e areia – troquei uma idéia com o motorista sobre como é a vida por lá: cultura, família, turismo, infraestrutura, governo, violência, enfim....absorvendo o máximo de informações possíveis. obviamente, que comparado com a nossa realidade, as diferenças são absurdas. tudo é mesmo muito diferente, e só estando lá para entender um pouco desse cenário tão contrastante. ainda no caminho, definimos um roteiro para o dia – e a
idéia inicial era conhecer o “Burj Khalifa”, edifício mais alto do mundo na atualidade.
ainda nas via de acesso a cidade, uma avenida com 6 pistas para cada sentido, é possível compreender porque dos olhos do mundo estarem voltado para lá! aquilo tudo é um enorme canteiro de obras, com infindáveis edifícios de arquitetura modernista crescendo a um ritmo frenético. passamos pelo porto da cidade, e então, ao observar os elevados do metrô e suas estações com designer pra lá de futurista, lembrei na hora dos “Jetsons” – um desenho animado da época de infância.

"a vila dos jetsons" # Dubai / nov 2010

infelizmente, os tickets para subir ao topo do edifício mais alto do mundo estavam “sold out” naquele dia e não foi dessa vez que cheguei ao “topo do mundo”!! porém, quando cheguei aos pés do tal edifício, muito familiar graças ao “megaconstruções de Discovery Channel”, eu realmente entendi o “espírito” da coisa!

"Burj Khalifa - edifício mais alto do mundo # Dubai / nov 2010"

talvez, a melhor maneira de compreender aquilo tudo, é imaginar um desafio no jogo SIMCITY onde os recursos financeiros para cada jogador são ilimitados. cada jogador, é um sheik na vida real – ao total de seis – e entra dia e sai dia, a “brincadeira” continua.


"jogando SIM CITY - visual modernista / Dubai / nov 2010"

o espírito competitivo é tamanho, que a busca pela “vila” perfeita permite realizar loucuras como esquiar ou praticar snowboard em pleno deserto! não estou de sacanagem! acredite quem quiser, mas a primeira vez que pratiquei snowboard na vida, foi dentro de um shopping em Dubai (Ski Dubai)! e digo mais: muito gelo e frio de verdade em uma ladeira gigantesca! impressionante!
não menos impressionante foi visitar, também dentro de outro shopping center, o “Dubai Aquarium and Underwater Zoo”. de arquitetura única, um túnel nos permite literalmente, entrar dentro do mesmo e ficar a centímetros de tubarões, arraias gigantes e grandes cardumes de peixes – sem tomar uma gota, dos 10 milhões de litros de água do aquário! oportunidade para conhecer a maior coleção de tubarões (sand tiger shark # Odontaspis taurus)do mundo . uma loucura mesmo! tudo bem que do ponto de vista da ética ambiental, o conceito não é muito interessante. mas assim como esquiar no deserto,a proposta de “mergulhar” com tubarões em pleno shopping center também é de endoidecer! por aí, se pode ter uma idéia das loucuras que o dinheiro pode proporcionar!
cada um que tire suas próprias conclusões!

"por dentro do maior aquário do mundo # Dubai / nov 2010"

aproveitei também para conhecer o lado menos ocidental da coisa, em busca da real essência daquele mundo – algo mais “roots”. convencemos o motorista a nos levar para a região menos rica da cidade, algo como um típico mercado popular. lugar bacana, muito diferente da Dubai multimilionária, e que serviu mesmo para mostrar que a vida por lá pode não ser assim tão bacana! enquanto caminhava pelas ruelas apertadas e recheadas de lojinhas e lanchonetes vendendo aqueles lanchinhos nada atraentes, partiu das mesquistas, em altíssimo som o chamado para a reza, que ecoa por toda a cidade. tradição local que pelo que entendi, e que acontece várias vezes ao dia. achei tudo aquilo muito tenso, invasivo! fico pensando que não seria nada confortável ser obrigado a ouvir aquele som, obviamente ininteligível para nós, todo o dia! eu ficaria muito puto com isso – e submeter esposa e/ou filhos a tal exposição, está realmente fora de qualquer contexto! mais uma vez, pude ter a certeza de que o fanatismo religioso é mesmo uma arma perigosa e poderosa. o povo de lá está mesmo possuído pela religião, e ao viver aquilo tudo, é muito fácil entender o porque de uns e outros amarrarem bombas no próprio corpo e sair por aí, explodindo tudo. apesar de tudo, valeu mesmo pela experiência!!

" middle east - versão "roots" - nov / 2010"

antes do o dia acabar, passeamos por algumas outras atrações da cidade, como o famoso hotel em forma de vela de barco, o “ Burj Al Arab”, que é realmente imponente!
de volta a Abu Dhabi, um rápido jantar na cidade e mais um sono de poucas horas para aproveitar a manhã seguinte. algumas horas na praia artificial do hotel, com direito a bangalôs e areia branca, como se estivéssemos no Tahiti!
e por falar em “como se estivéssemos....”- acho que é por aí! penso que o grande lance dos caras é mesmo o turismo. uma tentativa de levar para aquele canto do mundo, um pouco do tudo que o planeta pode oferecer, sem muito preocupar com o quanto tudo isso pode custar....ao menos que enquanto existir o petróleo.
enfim....valeu a trip! valeu a oportunidade de conhecer, viver um pouco da realidade e aprender muito mais sobre uma cultura, sobre mais um pedaço de mundo!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

tempestade no deserto

believe or not!
mas sobre a influência dos ventos dessa louca vida louca...acabei indo parar no "middle east"!
assim que terminar a epopéia pelas terras dos camelos, mando as novas!
que feeeeeling!!!
por hora o desafio é vencer o fuso e encarar o sol do deserto - prontamente equipado em forma de "cabeça de pano"!
hey ho lets go!
valeusss!